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Foto do escritorCris Ayres

A Revolução está começando, mas engana-se quem achar que trarei apenas mulheres comigo.


Vou começar a contar para vocês uma “história” de um longo, longo tempo atrás.


Eu havia iniciado os estudos de Ayurveda uns oito anos antes de um grande, imenso despertar.


Como havia contado, entrei para o Ayurveda por uma porta muito diferente de muitos, trabalhava em um departamento de lançamento de satélite e uma das únicas mulheres a estar ali. Meu mentor era um indiano, PHD em quântica e nuclear, acabei me aproximado e tinha ele como referência de amigo além de tudo. Um dia estudando Vaisheshika e Upanishads, porque muitos cientistas acessam estes conhecimentos e me indicaram, resumindo? Ele me apresentou o Ayurveda e outros textos.


Comecei a estudar e há exatos 29 anos atrás existia uma grande dificuldade em encontrar informações, então fui indo aos poucos até que encontrei uma professora no Brasil e optei a estudar com ela, Chamada Ma Prem Ila (até hoje somos amigas), depois fui para um curso no SENAC técnico em Massagem e Acupuntura Ayurvédica, olha que maravilha! Aqui já é uma desconstrução. E começou me incomodar muitos “os grandes nomes” do Ayurveda vir ao Brasil e ser tão machistas, tão simples que se resumia a Doshas e Sāṃkhya e isso começou a me incomodar, mas de uma tal forma que eu não me contive e comecei a ir atrás de coisas que não imaginava que eu alcançaria, mas que nunca desacreditei que existia.

Talvez vocês, além do Felipe, minha família, minhas professoras e meus professores estejam sabendo agora.


Percebi que eu não podia seguir no Ayurveda (mas serve para todas as medicinas) somente com pessoas da área como Vaidyas, Acharyas mas contratei algumas historiadoras (es), sinólogas (os), arqueólogas, antropólogas porque percebi que só com especialista em Ayurveda eu não chegaria a nenhum lugar.

Entrei em contato com bibliotecas de livro raro pelo mundo, conheci alguns projetos e dediquei a entender a ocupação das mulheres nos vedas.


Quando eu decidi construir o Ayurveda Sutil e DesconstruidDA (e não desconstruído propositalmente) quero desconstruir a maneira com que ele é apresentado e não ele em sí. Quero desconstruir as traduções, as transliterações e os comentários machistas, cristãos, mulçumanos.


Na verdade, eu aprendi que a maioria dos textos védicos são transliterados com experiência e fatos do tradutor. Fato não é sabedoria e isso faz uma enorme diferença no entendimento.


Uma das coisas que aprendi e aprendo é sobre a mulher nos veda, como Rishikas nos Vedas

Muitas sabedorias são reveladas às mulheres sábias e em que hinos que descrevem essas revelações, e as encontram num lugar de destaque. Existem mais de trinta mulheres sábias.


A palavra Veda vem da raiz da palavra Vid, que implica Sabedoria. Os textos védicos, incluindo os Vedas, Upanishads, Aranyakas, Shastras e Sutras são uma coleção de maior conhecimento e sabedoria mais profunda sobre como alcançar a paz sustentável e a prosperidade em um nível individual e coletivo.


Os sábios e videntes que escreveram esses textos são chamados coletivamente de Rishis. A palavra Rishi é composta de duas outras palavras sânscritas védicas, a saber Ru ou Ignorância e Shina ou Dissipado. Rishi é qualquer um que dissipou a ignorância de alguém. Como a palavra Guru, a palavra Rishi é essencialmente neutra em termos de gênero. Pode ser usado para homens, mulheres ou, ainda, terceiro sexo.


Esta é uma das muitas razões pelas quais muitas contribuições significativas de mulheres Rishis, melhor tratadas como Rishikas, foram ignoradas por um tempo excepcionalmente longo da história até os dias de hoje, onde se acredita que os Rishi eram apenas HOMENS sábios. Deve-se entender que Rishikas não são iguais aos Rishi Kanyas, que eram filhas de Rishis e Rishikas neste caso, não é isso que esta sendo tratado aqui.


Existem mais de 36 Rishikas especificamente mencionados em vários textos Védicos.

No entanto, só porque há mais menções de Rishis do que de Rishikas nos dias de hoje não é para ficar achando que é real e não é para concluir que a contribuição das mulheres na elaboração dos Vedas foi menor ou insignificante. A verdade é exatamente o contrário. (meu coração gritou ao escrever isso, meu coração pulou, meu coração esperou 20 anos no mínimo para falar isso com propriedade e respaldo aos possíveis ataques dos estudiosos védicos.


Vinayam ou Humildade foi considerada o maior valor no período Védico. Na ausência de humildade, uma pessoa era considerada Agyani ou desprovida de conhecimento. Mada ou vaidade foi completamente ignorada. Tanto era a extensão da humildade que a maioria das sábias em consequência sábios e videntes usaria um pseudônimo para identificar seu trabalho. Hoje as pessoas repetem estes nomes e não sabem quem são e muito menos que são pseudônimos.


Por exemplo, o autor do Mahabharata, conhecido como Vyasa, era na verdade um pseudônimo. Seu nome verdadeiro era Krishna Dwaipayana. A palavra sânscrita védica Vyasa indica alguém que está tentando sair de Vyasana ou dos vícios.


Rishis e Rishikas védicos unanimemente acreditavam que todos devem ser seus próprios salvadores. A própria razão pela qual não há conceito de profetas ou salvadores nos textos védicos originais. Os textos são muito claros, eles nos encaminham para nós mesmos. Por isso que muitos textos que escrevo sempre falo do autoconhecimento, autocurar. Estes sábios nos ensinam a sair da ignorância e voltarmos a nosso ser essencial sem crenças e de forma a respeitar a natureza em sí.


Estes protocolos que são ensinados, servem para apenas afastar a pessoa de sí, porque se trata dosha e doenças, e esquecem de ensinar o caminho de que somos nossos próprios salvadores.


A principal razão pela qual os Rishikas são reverenciados, mas tão pouco conhecidos, é devido à sua extrema humildade. A maioria dos Rishikas são conhecidos devido a relatos de Rishis e Yogis. No capítulo do Mahabharata de Vyasa, Bhishma relembra histórias de vários Rishikas para Yudhishthira, enquanto responde a muitas perguntas interessantes. Mahabharata por Panini é um fiasco, porque exclui a mulher e faz de um sábio um Deus que pode ter várias mulheres e completamente deformado. Em uma história, do Mahabharata de Vyasa, coleciona um incidente onde um grande e poderoso Rishi é humilhado por uma dona de casa que também passou a ser uma Rishika. Ele a identifica como Anamika.


Na era védica, o conhecimento era transmitido por meio da tradição do Guru-Shishya Parampara - Preceptor-Preceptor. E todos os textos védicos reconhecem Matru ou Mãe como o Adi Guru ou primeiro preceptor. Não era apenas uma figura de linguagem, mas também uma realidade.


Numa época em que a educação era parte integrante da vida; as crianças foram preparadas para uma vida de conhecimento e sabedoria durante a gravidez - Garbha Samskaras, porque acreditava que a mãe, mulher era detentora de acolher toda esta sabedoria que vingará no feto. As mulheres védicas sempre foram “letradas”, todas tinham conhecimento, estudavam e desenvolviam a sabedoria, aqui no ocidente diríamos alfabetizada, doutorada. As mulheres eram os guardiãs primárias do conhecimento essencial para desenvolver a sabedoria.


Quando a maioria das pessoas faz citação védica que promove a misoginia, deve-se sempre ter em mente que nem tudo em sânscrito é védico. A maioria das declarações misóginas seguem o sânscrito Panini, que vem do Astadhyayi da Panini. Eles eram uma versão muito posterior do sânscrito e nunca foram seguidos por nenhum texto em sânscrito védico, incluindo o Arthashastra de Kautilya.pa que são altamente detonadores de mulheres e além de coloca-las como terciárias, ao que parecia tinha ódio ao falar sobre as mulheres sábias.


Por isso é super explicável que por aqui temos o reflexo dos textos védicos com sânscrito de Panini e pasmem, muitos textos a maioria do Ayurveda, onde o homem tem que ter uma força de cavalo para “procriar uma mulher”


Os Textos que hoje circula 100% dos clássicos do Ayurveda tem o Sânscrito de Panini e não vemos traços do Sânscrito védico e por isso é importante um professor historiador e não um Vaidya ou Acharya.

Guardei muitos anos e não falei com ninguém mesmo, a não ser meu marido, que eu fazia aula com uma turma que não é especializado em Ayurveda, mas especializados em história, em arqueologia, em antropologia, e tudo que falei em cima, porque sabe, desabafando eu não queria mais opiniões e desestimular de que eu não ia conseguir, nossa escutei isso quando começava a falar diferente e apresentar um ponto de vista diferente. Como é muito difícil eu abrir mão do que acredito, estou aqui depois de 20 anos e 29 no Ayurveda trazendo o que estudei, que estudo e dizendo a vocês, acreditando ou não, a MAIOR influência nos vedas foram as Rishikas.


Hoje pela primeira vez publicamente falo sobre o porquê do Ayurveda Desconstruída, não porque quero bater de frente, falar de doshas, mas porque eu escolhi um outro caminho para ler o sânscrito védico e não de Panini, escolhi acolher a sabedoria das mulheres Rishikas, escolhi estudar o Atharva Veda com os grandes nomes e considerações das Rishikas, porque eu escolhi ir atrás de textos e professores que me ensinaram a diferença do Sânscrito védico e de Panini. Escolhi revolucionar em mim antes de falar para vocês começarem a revolucionar em sí e não aceitar textos Machistas, textos baseados em sânscrito de Panini


Agora entendem porque eu preferi traduzir os clássicos para mim? Entendem porque precisei traduzir? Para que eu pudesse incluir essas mulheres colossais que desempenharam papeis fundamentais no desenvolvimento e transmissão da sabedoria védica. Pouco se sabe sobre elas pessoalmente e aqui sendo mais exata no Brasil onde é nítido a referencias cotidianas dos mesmos clássicos e mesmas fontes.


O meu real intuito não é dizer que este estudo é o certo e outros errados, porque não existe nem cero e nem errado nestas culturas, são pontos e escolhas diferentes. Eu percorri um caminho diferente da maioria, percorri caminho que estou aberta e ensinar através dos meus cursos cada vez mais. Percorri caminho de muita dedicação, esforço, coerência, clareza, verdade, integridade, dedicação para que depois de vinte anos trazendo as Rishikas para seu lugar de Luz.


Esta revolução não é levantar bandeira e atacar. É dizer chega, para de achar que os textos machistas são assim mesmo, não! Não são viu?! Fomos apagadas e é uma escolha continuar estudando desta forma e eu respeito. A mim, aos que estão comigo cabe apresentar algo com outras referências, verdades e muitoooo estudo.


A Revolução não é contra ninguém e sistema, mas revolução de postura e pensamento do que eu quero continuar aprendendo.


Nesta revolução não cabe apenas eu chamar as Mulheres para aprender e fazer um clube da Luluzinha ayurvédico, eu quero continuar com alunos de outros Gêneros, quero sim trazer homens para eu ensinar, porque educar é a melhor forma e existe também gente incrível que com certeza se formarão terapeutas com outros olhares e futuros professores com responsabilidade de não repetir o erro dizendo que o Clássico é antigo e por isso tem esta visão e temos que mudar, não meus queridos os clássicos não é assim, faltou um pouco mais de pesquisa, de questionamento para não continuarmos reforçando o papel secundário d mulher e do terceiro sexo.


Neste caminho acolherei todos que quiserem aprender sobre mulheres, Rishikas, sobre o papel delas na História dos Vedas e o que deixaram de sabedoria para humanidade.


Quero poder dizer como são, como é e como será daqui pra frente uma desconstrução do que foi sequestrado de nós, mas eu fiz o resgate, me demorou 20 anos e muito caminho? Sim, mas estamos aí, trazendo algumas referências para poder dar respostas aos que virão com pedras na mão dizendo que estou querendo mudar os vedas. Eu só quero trazer o destaque dos terceiros gênero e das mulheres, doa a quem doer e para mim no meu caminho, não teve patriarcado que me assustasse e me intimidasse.


Vamos revolucionar e mudar nossa história?
Vamos revolucionar com discernimento?
Vamos revolucionar com educação e cultura?
Vamos revolucionar a partir da mudança das nossas atitudes?
Vamos revolucionar no nosso interior, só assim temos força para revolucionar nossos caminhos.

Eu revolucionei a mim a vida toda, não aceitei machismo, misoginia e não deixai ninguém ocupar meu espaço, faça isso.


E já deixo bem claro, porque cansei também de pessoas copiarem meu discurso e virar moda com textos rasos, se começar a Falar sobre a mulher no Veda, tenham propriedades, bases e referências. Tem muita coisa aí, só me deixar em paz!


Falo isso, desculpem minha sinceridade, porque basta eu começar a falar um assunto vem uns “machos ayurvédicos” se meter no assunto que nunca estudaram, falar a mesma coisa desconstruindo sem a mínima propriedade, já está ficando feio!


Cansada de me dedicar, de investir tempo grana, viagens e vem sempre a meia dúzia e começa se apropriar das minhas falas e pensamentos, pior ainda.


Se reinventasse, mas não em cima do meu trabalho, este aqui defenderei unhas e dentes porque nunca ninguém quis trazer a participação das mulheres como sábias e mudar os fatos relatados nos textos clássicos. Fato porque fato é um ponto de vista da vivencia da época e eu estou fanado de sabedoria dos textos que está longe destas traduções que homens são primários. Aqui não mais, vamos andar juntos Mulheres, Terceiros sexos e Homens. Chega de não questionar, chega de aceitar!


Com muito amor e chá de camomila, florizinhas, corações, CHEGA!


Não é ativismo viu é Educação e Cultura, começar a educar o que séculos apagaram da história dos Vedas, e eu desta vez não estou sozinha, mesmo em minoria na Terra e a Maioria dos Céus., somos muitos e somos no silencio o que é melhor ainda.


Honro minhas mestras que sempre me mostraram nossa força, claro e meus mestres porque eles são os HOMENS que estão me mostrando o caminho e a Importância da MULHER e TERCEIRO SEXO, sem os dois eu não teria chegado aqui, então bons homens e dedicados ao Ayurveda e não a repetir clássico como papagaio de pirata, por isso que esta é um lugar que aceitarei todos os gêneros como alunos, porque é sobre ser humano e não sobre mulher e terceiro gênero e não seremos secundários ou terciários e que para nós existirmos merece modernizar os vedas, esquece já fomos incluídos e nos excluíram, só vamos ocupar o que é de direito nosso! Vamos????


É trabalhoso? É, mas vamos continuar nas frustrações de que não fecha o conhecimento com a sensação de que tudo é solto, que não conseguimos juntar, tratar, entender, e se frustrar?


O que eu quero? É o que deixo para meditar!


Quer fazer Ayurveda para Mulher sem entender e saber quem são nos clássicos? Repetir o Patriarcado?


Eu já desconstruir e bani ele [patriarcado] do meu Ayurveda, traduções e comentarios com base no latin, e religioes como cristianismo, mulçumanos, protestantes (todos tem mensão na história), agora você precisa fazer a sua escolha. Eu já sei, mas lembre-se você pode ser uma voz na história, porque se juntarmos forças faremos história!


Saúde e Paz a Todos.

Cris Ayres Motta






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